A relicitação dos trechos ferroviários mineiros está em pauta, e mais do que nunca, é essencial garantir que essa concessão favoreça um modelo de operações compartilhadas. O risco de entregar toda a malha para uma única operadora pode resultar em um monopólio, beneficiando apenas uma empresa e um único tipo de escoamento, em detrimento das cidades que dependem da ferrovia para o desenvolvimento regional.
No Sul de Minas, o que desejamos é uma ferrovia que cumpra seu verdadeiro propósito: atender ao transporte de cargas e passageiros, beneficiando a economia local e promovendo a mobilidade sustentável. Afinal, desde Dom Pedro II e o Barão de Mauá, o sistema ferroviário foi concebido como um motor de progresso para o Brasil. O que vemos hoje, no entanto, é um cenário de abandono, sucateamento e falta de interesse político e econômico em preservar e fortalecer esse patrimônio.
Uma História de Abandono e Descaso
Ao longo dos anos, a malha ferroviária brasileira sofreu com a negligência do poder público e a exploração de empresas que, em muitos casos, enxergaram as ferrovias apenas como um meio de maximizar lucros privados. Com a falta de fiscalização e investimentos, assistimos ao saque e destruição de estações, vagões e locomotivas, que viraram sucata nas mãos de vândalos e usuários de drogas.
Infelizmente, os órgãos federativos responsáveis pela fiscalização operam sob normas burocráticas e ultrapassadas, além de sofrerem com a falta de pessoal e recursos. O resultado dessa ineficiência foi o colapso de quilômetros de ferrovias e o desaparecimento de um patrimônio que deveria estar impulsionando o desenvolvimento do país.
A Resistência das Entidades de Preservação
Diante desse cenário caótico, foram as entidades de preservação ferroviária que assumiram a difícil tarefa de proteger o que restou desse legado. Sem esses esforços, possivelmente não teríamos mais nada para contar história. Casos como o da antiga empresa MARDEL, em Lavras, ilustram bem essa destruição: após falir e ser adquirida por um banco, o local foi completamente depredado, restando apenas paredes.
Se o governo não agir, o mesmo destino pode esperar diversas outras ferrovias abandonadas pelo Brasil.
Um Novo Modelo de Concessão é Necessário
O Ministério dos Transportes tem a oportunidade de mudar essa realidade. O novo modelo de concessão ferroviária, já aprovado em projeto de lei, permite o compartilhamento da via permanente – uma alternativa essencial para garantir o uso eficiente da malha ferroviária. Precisamos de um sistema que beneficie a coletividade, permitindo que diversas operadoras utilizem a ferrovia para diferentes tipos de transporte.
A ferrovia precisa voltar a ser um eixo de desenvolvimento e não um feudo de grandes corporações. Nossa luta é para que essa relicitação seja justa e voltada para o crescimento do país, e não apenas para o lucro de poucos. O Brasil precisa recuperar sua malha ferroviária e garantir que ela seja utilizada de forma ampla e democrática.
Que essa nova era das ferrovias em Minas Gerais seja marcada pelo progresso, pela inclusão e pelo compromisso com o transporte sustentável!
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